Elementos (da terra acesa e da serra da estrela), com Daniel Moreira

Em Elementos (da terra acesa e da serra da estrela) a paisagem completa-se num díptico. Neblina de neve e fumo da terra surgem lado a lado num prolongamento da linha de terra. Os dois vídeos aqui presentes lado a lado põe em diálogo dois diferentes projetos de 2018: da terra acesa (sput&nik the window, Porto, novembro de 2018) e Residir é mais um atravessar (Museu de Lanifícios, projeto Montanha Mágica.UBI, Covilhã, novembro de 2018).
O nosso trabalho assenta frequentemente numa pesquisa sobre a nossa relação com a paisagem, em interpelações que se expandem com frequência a partir da ideia de percurso, travessia, ecologia e condição humana. O processo da caminhada e do atravessamento do território como método de aquisição de conhecimento, nas exposições espalha-se por diversos suportes – fotografia, desenho, vídeo, som, objetos, construções – implicando do público uma relação de descoberta especulativa com o trabalho, que desta forma se vai desenrolando simultaneamente pelo espaço expositivo e pela mente do espectador.
Em Elementos duas paisagens de Portugal alinham-se em ampla sintonia de divergentes elementos: as consequências visíveis do fogo do grande incêndio em Pedorido e a neve na Serra da Estrela, sobrepõem-se ao seu próprio desenho. Unidos pela duplicidade do vídeo e pelo traço da grafite, os dois lugares encontram um espaço comum, que é o da presença dos artistas, que ali estiveram. Ora o processo de trabalho no lugar, aparece claramente representado, também na pequena volta investigativa em que vemos os artistas afastarem-se da câmara no tripé para irem ter com o músico Gustavo Costa que se encontra ao fundo do plano, para juntos voltarem e retomarem uma vez mais o percurso de ida e volta – e em loop. É numa quase narrativa de territórios em suspenso que a paisagem inventada desta pequena imagem proposta, faz pairar sobre os frequentadores do café Candelabro, a terra, a água, o ar e o fogo.

Elementos (da terra acesa e da serra da estrela), 2018.
Curador: Nuno Ramalho.
Parte do programa Playlist #29, Café Candelabro, de 6 a 20 de dezembro 2018.
Exposição acompanhada de uma edição de artista, 20 exemplares assinados e numerados.

Filme em hd (5’, loop) projetado sobre 2 desenhos a grafite sobre papel vegetal (90x110cm cada)