Jardim Atlântico, com Daniel Moreira

Esta exposição partiu do desafio de trabalharmos a partir da pré-existência dos jardins botânicos de Coimbra (criado em 1772) e do Rio de Janeiro (criado em 1808), as duas cidades em comunicação e de exposição deste projeto. As nossas duas instalações, partem da experiência e observação dos dois jardins, para criar uma reflexão sobre paisagem construída e representação visual.
Tal como na construção e desenho existentes em qualquer jardim botânico, o nosso trabalho articula-se a partir da criação de modos expositivos próprios. Construímos e expusemos mesas floresta para uma narrativa de fotografias e desenhos, e mesas de observação para os espécimens naturais recolhidos in loco.
Em Jardins Botânicos, Coimbra e Rio de Janeiro (estudo 02), as 30 fotografias a preto branco (propositadamente fotografadas com uma câmara clássica de filme de médio formato) e os desenhos monocromáticos distribuídas pelas três mesas floresta, mapeiam espaços, organizações, espécies e detalhes, sublinhadas e abertas pelos desenhos, num movimento em aproximação às práticas oitocentistas mais eruditas de tipo enciclopedista, mas também às mais privadas dos herbários caseiros e da observação natural da ilustração proto-científica ou mesmo dos primeiros fotogramas dos inícios da fotografia, de Henry Fox Talbot.
Se com as mesas floresta nos situamos mais na reflexão sobre o campo da representação, na instalação com os objetos naturais recolhidos, estamos mais no campo da demonstração. Em Jardins Botânicos, Coimbra e Rio de Janeiro (estudo 01) construímos mesas também, mas agora, de diferentes alturas e à medida dos núcleos recolhidos: folhas mortas, catos, sementes, folha grande, casca pendurada. Também aqui a categoria não é a geográfica (Portugal-Brasil) mas a de uma “espécie” por nós “identificada” nos dois territórios, porque afetiva, estética ou aproximada. Utopia de jardim atlântico, curiositées deslocadas da natura para o museu.

Jardins Botânicos, Coimbra e Rio de Janeiro (estudo 01) e Jardins Botânicos, Coimbra e Rio de Janeiro (estudo 02) são duas peças relaizadas em colaboração com Daniel Moreira.
Jardins Botânicos, Coimbra e Rio de Janeiro (estudo 01): madeira e elementos naturais (instalação).
Jardins Botânicos, Coimbra e Rio de Janeiro (estudo 02): madeira, vidro, 30 elementos em papel 29,7x21cm (grafite e acrílico s/ papel e impressão fotográfica s/ papel de algodão).
Jardim Atlântico, é uma exposição coletiva com os artistas Débora Mazloum, Hugo Rodrigues Cunha, Isaura Pena, Júnia Penna, Nena Balthar, Rita Castro Neves e Daniel Moreira, Susana Anágua, Vanda Madureira, e curadoria de António Olaio e Malu Fatoreli.
Colaboração entre o Colégio das Artes da Universidade de Coimbra e o Programa de Pós-Graduação em Artes do Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Exposição no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, 29 de Setembro a 29 de Outubro de 2017.

Jardim Atlântico, 2017.