As suas obras têm analisado alguns gestos do quotidiano, rotina e familiaridade numa tentativa de compreender e investigar uma visão mais interiorizada das nossas vidas. Em cenários realistas, personagens comuns fundem-se nas suas paisagens – interiores ou exteriores – assim se apropriando e re-construindo o seu surpreendente mundo exterior.
Este realismo pormenorizado e minucioso – por vezes absurdo, outras político ou ainda emotivo – é também um realismo mágico.
A suspensão da realidade permite construir um tempo entre o tempo, atento a um conceito de espaço mental – ponto de partida para uma nova percepção desta nossa realidade flutuante. A narratividade (as séries em fotografia, o tempo sequencial no vídeo e no som…) é muitas vezes quebrada e não-linear.
O quotidiano torna-se aqui a fonte quer das emoções, quer da perspectivação – e crítica – das situações e estruturas de funcionamento da sociedade.
Rita Castro Neves acabou o Curso Avançado de Fotografia do Ar.Co (Lisboa) em 1995, o Master in Fine Art da Slade School of Fine Art (Londres) em 1998, frequentando atualmente o programa de Doutoramento em Arte Contemporânea do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra. Expõe regularmente em Portugal e no estrangeiro, tanto em espaços estabelecidos (Museu de Arte Moderna da Bahia, Spike Island, Bristol, The Courtauld Institute of Art, Londres, Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto, Korjaamo Gallery, Helsínquia, Museu da Imagem, Braga, Museu Nogueira da Silva, Braga, Museu do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira, Fábrica Asa, Guimarães Capital Europeia da Cultura) como em locais ditos não convencionais (escola primária, apartamento alugado, casa de banho pública, loja de discos, montra de um restaurante).
Desde 2015 que desenvolve projetos em colaboração com Daniel Moreira. Com Laking, que realizaram em 2015 a convite do espaço artístico finlandês Oksasenkatu 11, iniciam um projeto longo a propósito da representação da paisagem, em que refletem com o desenho, a fotografia e o vídeo, de forma instalada, sobre colaboração artística, diferentes técnicas e culturas artísticas, território, escala e percurso. Mostrando na Galeria Bang Bang (Lisboa, 2016), Galeria Oitavo (Porto, 2017), Fundação José Rodrigues (Porto, 2017), na Sputenik The Window (Porto, 2017), no Museu da Imagem nos Encontros da Imagem de Braga (Braga, 2017), no Colégio das Artes (Coimbra, 2017), Galeria Bolsa de Arte (São Paulo, 2017), no Museu Geológico de Lisboa (Lisboa, 2018), na Casa Museu Medeiros e Almeida (Lisboa, 2018)), na igreja românica do Mosteiro de São Salvador de Bravães (projeto Portas do Tempo, Ponte da Barca, 2018), no Paço Imperial do Rio de Janeiro, com uma exposição coletiva, com os curadores António Olaio e Malu Fatorelli (Brasil, 2018 – a nossa parte da exposição foi apoiada pelo Programa Shuttle – Programa de Internacionalização Artística – Programa Pláka da Câmara Municipal do Porto), no Planetário do Porto, Sem Imago Mundi, Antes um Desvio Aleatório, com curadoria Eduarda Neves (Porto, 2018), no Museu de Lanifícios, Montanha Mágica/UBI (Covilhã, 2018), no Café Candelabro, Playlist, com curadoria de Nuno Ramalho (Porto, 2018), no Museu Nacional de História Natural e Ciência com curadoria de Sofia Marçal (Lisboa, 2019), na Fundação Eugénio Almeida (Évora, 2019) com curadoria de Fátima Lambert, no C.A.A.A. com curadoria de Ricardo Bastos Areias (Guimarães, 2019) e na Ci.CLo Bienal’19 de Fotografia do Porto, obra de exterior para os Jardins do Palácio de Cristal do Porto, com curadoria de Virgílio Ferreira (16 Maio – 2 Julho 2019). Em Setembro de 2019 tiveram uma exposição em colaboração com Guto Lacaz no Consulado Português em São Paulo e em 2022 na Appleton Square, em Lisboa.
Em agosto de 2017 estiveram em residência artística na Residência Paulo Reis do Ateliê Fidalga em São Paulo, apresentando no final uma exposição individual e em outubro de 2017 realizaram uma viagem de estudo ao Japão com a Bolsa de Estudo de Curta Duração da Fundação Oriente. Em maio de 2018 estiveram em residência em Alvito (Residência Inter.meada / Coleção Marín Gaspar), em Junho na Serra da Estrela (Montanha Mágica, UBI – Universidade da Beira Interior), ambas as residências resultando em exposição individual, e durante o mês de Julho estiveram em residência no Camões – Centro Cultural Português de Maputo, Moçambique, apresentando no final uma exposição individual, cuja instalação principal se encontra atualmente no Museu de Maputo da Universidade Eduardo Mondelane (diretora: Alda Costa). As últimas residências incluíram em Agosto de 2019 uma residência em colaboração com as artistas Brasileira Claudia Tavares e Renata Cruz Festival de Fotografia de Paranapiacaba no Brasil, a convite do Diretor do festival João Kulcsár, apoiada pelo Consulado Geral de Portugal em São Paulo, e no programa de residências Luz Linar / Feital (Portugal, Setembro 2019).
Desenvolve projetos de curadoria em artes plásticas e na área da Live Art, incluindo Amorph!98 em Helsínquia, Dia E Vento no Teatro do Campo Alegre, Porto, 2001, Brrr com o Teatro Nacional São João/ Teatro Carlos Alberto/ Porto 2001 Capital Europeia da Cultura, de 2006 a 2012 o festival anual de Artes Performativas Trama com a Fundação de Serralves, Porto, em 2012 o Sintoma nº 0 na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, e em 2013 o Sintomas e Efeitos Secundários em colaboração com o Instituto de Investigação da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto(InEd), numa co-curadoria com Fátima Lambert e Rita Xavier Monteiro.
Atualmente é docente na Faculdade de Belas Artes do Porto da Universidade do Porto onde criou e dirigiu uma Pós Graduação em Performance. Aqui criou em 2012 e coordena desde então o grupo Sintoma. Performance. Investigação. Experimentação.
É membro colaborador do i2ADS Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade da Faculdade de Belas Artes, Universidade do Porto.
De 2005 a 2008 foi Coordenadora Pedagógica do Instituto Português de Fotografia, pólo do Porto.