Órbitas, com Daniel Moreira

Exposição site-specific, com curadoria de Isabella Lenzi, com o artista brasileiro Guto Lacaz, para o Consulado Geral de Portugal em São Paulo, Brasil.

Órbitas “(…) resulta de um tempo dedicado ao espaço que abriga o projeto. As obras, todas produzidas para a ocasião, dialogam com a condição, a arquitectura, a história, os jardins e o quotidiano do Consulado Geral. (…)
A imagem de uma órbita, que conecta dois corpos distantes no tempo-espaço, de alguma maneira, resume a exposição, que traz a este local de representação o lúdico, o cíclico, o cómico, o absurdo e o enigmático.” Isabella Lenzi

Ler o texto da curadora Isabella lenzi aqui.

Sobre as obras em exposição:
Bandeira, vídeo Full HD, 9:12, som, 5’ em loop. Vídeo em televisão de 125cm de diagonal sobre estrutura de madeira 110 x 110 x 80 cm, para hall de entrada de Consulado de Portugal.
A exposição inicia-se antes. Na observação do lugar. Os dias passam, as pessoas atravessam constantemente os espaços, enquanto que nós, como as árvores esperamos. Às vezes levam folhas de papel, muitas vezes. Alguém com cuidado cuida de toda a estrutura verde, é o guardião de base. É com ele que aprendemos o nome de todas as espécies do jardim, todas as espécies e as suas especificidades e histórias. As folhas caem e, com o tempo, esses nomes no esquecimento também.
À entrada do edifício – outrora casa, agora instituição consular – por convenção coloca-se a bandeira nacional. Nesse lugar colocamos uma bandeira mais nossa: um vídeo mostra a água a ser transferida entre o regador vermelho e o balde verde que são usados na rega do jardim pelo seu jardineiro. O gesto quotidiano do cuidador é repetido numa tarefa que parecendo sem fim, preserva a água do seu eventual desperdício.

Folha, vídeo Full HD, 9:12, som, 4’ em loop. Projeção de vídeo sobre placa de madeira de 220cm x 160cm.
Sobre uma placa de madeira, na sala central, produzimos um gesto mecanizado de um círculo realizado com uma outra folha, desenho simultaneamente visual e sonoro, performativo e mecânico. Ritmando possibilidades outras para elementos naturais que nos estão próximos, exploramos a relação humano-natural numa construção nova de proximidade.

Orquestra, folhas de pândano e animação realizada com 59 fotografias digitais, vídeo Full HD, 18’’ em loop. Instalação com abertura de porta de sala bloqueada a 120 x 75cm do chão, com todas as folhas secas retiradas pelo jardineiro de um pândano do jardim, e projeção na proporção fotográfica, sobre papel vegetal de 100 x 150 cm.
Trazemos para o interior da casa todas as folhas secas e espinhosas que o Sr. Arlindo tira do pândano junto à piscina. Com as folhas bloqueamos a entrada de uma das salas da exposição, no equilíbrio precário das suas formas orgânicas. Com duas folhas fazemos prolongamentos dos braços para cortar imagens e tentar orquestrar o movimento que o vento opera nas folhas e ramos de uma outra árvore. É uma regência cujos gestos decisivos impõe uma aparência de lógica que, todavia, se esvanece no que é bem visível: que é o vento e não a pessoa, que provoca o movimento. É como um truque de cinema mudo.
A orquestra projeta-se sobre uma folha de papel: folhas sobre folha. O vídeo é uma animação stop motion de imagens fotográficas, optando-se por preservar na projeção a proporção da imagem da matriz fotográfica 24 x 36 mm. Mais um truque.
Ou dito de outra forma, um contributo para pensar sobre possibilidades não normatizadas e desformatadas (porque fora do formato) dos modelos tecnológicos audiovisuais pré definidos.

Dentro e fora, instalação com duas folhas do jardim, de pândano e palmeira.
Do exterior para o interior – do jardim para a sala envidraçada – introduzimos uma pequena obra realizada simplesmente pela união de duas folhas secas de árvores diferentes, uma de pândano e outra de palmeira, uma dentro, outra fora. Gesto discreto de aproximação entre espaços e espécies.

Trampolim, 250cm x 200cm x 80cm, estrutura em madeira para piscina existente.
No espaço exterior, a piscina ganha uma estrutura em madeira com a forma que lembra uma estrutura de salto: trampolim no Brasil, prancha em Portugal. É mais um desenho materializado de uma possibilidade de uso. No jardim, a visão da piscina que agora não pode ser usada, traz sempre a reminiscência do seu uso antigo. O trampolim-imagem reforça a dualidade, e a metáfora, desse lugar entre lugares que sempre é uma instituição consular, Portugal no Brasil, habitação instituição, casa trabalho.

Órbitas. Daniel Moreira e Rita Castro Neves + Guto Lacaz.
Exposição site-specific para o espaço do Consulado Geral de Portugal em São Paulo, Brasil.
Curadoria de Isabella Lenzi.
De 7 de Setembro a 12 de Outubro de 2019, São Paulo, Brasil.
Lançamento da publicação de artista a 12 de Outubro 2019.

Convite Órbitas

Consulado Geral de Portugal em São Paulo, 2019